Falta de ferro na gravidez pode alterar sexo biológico do bebê, indica estudo
09/06/2025
(Foto: Reprodução) Pesquisa descobriu que camundongos gestantes com deficiência de ferro foram afetadas e fetos masculinos desenvolveram órgão reprodutor feminino. Ainda não se sabe interferência em humanos, mas pesquisa publicada na Nature sugere que não só a genética pode influenciar determinação do sexo. Pesquisa foi feita em camundongos e publicada na revista Nature
Reprodução/Pexels
Pesquisadores descobriram que a deficiência de ferro na gravidez pode influenciar o desenvolvimento sexual do bebê no útero.
Um estudo feito pela Universidade de Osaka, no Japão, e publicado na revista Nature na última semana mostrou que uma grave falta de ferro no útero materno fez com que alguns embriões geneticamente masculinos exibissem características femininas, além de formar glândulas reprodutivas femininas.
➡️ O estudo, liderado pelo biólogo Makoto Tachibana, da Universidade de Osaka, é a primeira demonstração de que uma interação, para além da genética, pode mudar a determinação do sexo.
🚨 ATENÇÃO: Segundo Tachibana, apesar do resultado, até o momento não se sabe se um processo semelhante poderia ocorrer em humanos, mas o resultado aponta a importância de mais estudos sobre o assunto.
Em mamíferos, o sexo biológico é inicialmente determinado principalmente pelos cromossomos — as fêmeas geralmente têm cromossomos XX, enquanto os machos geralmente têm cromossomos XY — e um gene primário normalmente desencadeia a formação dos órgãos sexuais correspondentes.
➡️ Por exemplo, camundongos com cromossomos XY geralmente desenvolvem testículos se um gene chamado Sry for ativado. Se esse fragmento genético estiver presente, as gônadas — principais glândulas responsáveis pela produção de células reprodutivas — começam a formar testículos por volta das seis semanas de desenvolvimento. Na sua ausência, elas se desenvolvem naturalmente em ovários.
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Como a pesquisa foi feita?
Primeiro, eles deram aos camundongos uma dieta deficiente em ferro por um mês antes da gestação e por duas semanas durante a gestação, e os compararam com camundongos alimentados com uma dieta controle.
Com isso, descobriram que, quando a concentração de ferro era reduzida em 60% no nível celular, isso interferia na diferenciação sexual ao silenciar o gene Sry em um estágio crítico do desenvolvimento do feto.
➡️ Durante os testes com camundongos, a equipe observou que 6 de 39 camundongos geneticamente machos (XY) nascidos de mães com deficiência de ferro desenvolveram ovários totalmente formados. Outro indivíduo era intersexo, com um ovário e um testículo.
Resultados semelhantes foram observados em experimentos adicionais, nos quais mães receberam um medicamento que remove o ferro do corpo, confirmando ainda mais o papel dos níveis de ferro no desenvolvimento sexual.
➡️ Neste caso, cinco de 72 embriões geneticamente masculinos desenvolveram órgãos sexuais femininos.
Segundo os pesquisadores, ainda não é possível saber qual é o papel do ferro na determinação do sexo em humanos, mas o estudo indica que esse pode ser um entre vários fatores — e que isso pode ser um sinal de alerta sobre a reposição de ferro durante a gestação.
Grupo de pesquisa em Osaka que fez o estudo
Reprodução/Makoto Tachiban