HQ produzida por brasileiros traz histórias de sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima que imigraram ao Brasil: 'Tema muito pesado', diz autora

  • 30/01/2024
(Foto: Reprodução)
Jornalista e ilustradora de Sorocaba (SP) se uniram em uma missão para falar de sobreviventes que imigraram ao Brasil após a explosão em Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945. O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos é comemorado nesta terça-feira (30). Por entre as páginas de 'Projeto Hibakusha', de Guilherme Profeta e Ligia Zanella Thamires Victória/g1 O Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos é comemorado nesta terça-feira (30), e apesar de, muitas vezes, a data ser relacionada a clássicos infantis e mangás, por exemplo, alguns temas delicados e importantes também podem ser abordados por meio deste estilo de trabalho. 📱 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Em 2020, foi publicado o “Projeto Hibakusha”, uma “reportagem em quadrinhos sobre os sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima que imigraram para o Brasil”, como gosta de definir o autor, de Sorocaba (SP). O livro é produzido pelo jornalista e roteirista Guilherme Profeta, e pela ilustradora e quadrinista Ligia Zanella, ambos de 34 anos. Ao g1, os dois sorocabanos contaram detalhes sobre a carreira, parceria e desafios da produção. Ligia e Guilherme no lançamento da primeira produção em quadrinho juntos: 'Melissa em Ellipsia', em 2016 Arquivo Pessoal O primeiro trabalho de Ligia e Guilherme foi a história em quadrinhos “Melissa em Ellipsia”, publicada em 2016. O jornalista havia feito o convite a ela por achar que o traço de seus desenhos combinaria com a história que pretendia contar. Posteriormente, em 2017, publicaram o segundo livro: “Ellipsia além de Melissa”. Com o objetivo de realizar um projeto histórico, a ideia também foi de Profeta em “Projeto Hibakusha". “Eu já estava querendo fazer um trabalho assim, porque sempre gostei de ler quadrinhos históricos. Topei na hora quando ele me ofereceu!”, conta Ligia. Ligia conta que certificou-se de que as ilustrações fossem muito próximas da realidade mas, claro, dentro de seu estilo de arte. “O processo para fazer a arte e todo o texto teve, primeiro, uma fase de entrevistas, que eu até fui com ele (Guilherme) em algumas para poder fazer uma ilustração mais verídica, em tempo real", diz. Ligia e Guilherme produzindo o storyboard de 'Projeto Hibakusha', com roteiro e livros de referência Reprodução/Facebook Dois sobreviventes oram entrevistados pela dupla: Takashi Morita, que, segundo Profeta, estava em Hiroshima como membro da Polícia Militar do Exército Imperial no dia, a 1,3 mil metros do epicentro, e Junko Watanabe, que, apesar de não carregar as memórias consigo, também sofreu as consequências da explosão. “Takashi era um jovem de 21 anos quando a bomba explodiu. Ele presenciou em primeira mão todos os horrores da bomba atômica: a cidade em chamas, o dia que virou noite, a chuva negra, os corpos carbonizados, as pessoas caminhando com dificuldade, feito zumbis, os rios cheios de cadáveres. Ainda assim, ele encontrou razões para ter esperanças, sendo o fundador da Associação Hibakusha Brasil pela Paz”, compartilha o jornalista. Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki lembram horror de bombas atômicas Ele complementa dizendo que “Junko era apenas uma criança, e é de outra geração de sobreviventes. Tendo sobrevivido, tomou para si a responsabilidade de levar adiante a luta da menina Sadako Sasaki, a famosa colegial japonesa que motivou a construção do Monumento das Crianças pela Paz, após ter morrido de leucemia aos 12 anos, em decorrência da exposição à radiação”. Além das entrevistas, Guilherme também realizou uma viagem ao lado de Priscila Nakajima, responsável pelo projeto gráfico, para fazer uma observação em campo no Japão. Todos os cenários utilizados no livro foram baseados em localidades reais, que podem ser visitadas em Hiroshima e em São Paulo. Guilherme Profeta na passarela ao redor da Cúpula Genbaku, em sua viagem à Hiroshima Arquivo Pessoal "No geral, ele que foi coletando as informações e montando o roteiro para eu poder desenhar, e também foi pegando algumas fotos e mandando para mim. Ele era bem específico: ‘quero que você desenhe essa casa aqui, nesse local, exatamente do jeito que eu vi’. Claro que temos nossa liberdade criativa, mas a gente tenta deixar ao máximo do jeito que o roteirista quer", lembra Ligia. A ilustradora conta que, sendo artista, é como se fosse possível sentir o assunto tratado enquanto desenha, e que ter se colocado de alguma forma nesta pauta trouxe muitas emoções. “É um tema muito pesado! Eu tive que ver muitas cenas feias, pegar a história dos sobreviventes, que não é leve, e transformar em quadros que, até então, eu nunca tinha feito. Essa parte de conseguir passar em imagens tudo o que aconteceu naquele momento, tanto antes de cair a bomba quanto depois, foi um verdadeiro desafio para mim", afirma. Por entre as páginas de 'Projeto Hibakusha', de Guilherme Profeta e Ligia Zanella Thamires Victória/g1 O jornalista também disse que o maior desafio foi o aspecto emocional envolvido: “Na primeira carta ao leitor do livro eu falo sobre o fato de nunca falarmos sobre como as reportagens que escrevemos nos afetam pessoalmente. Sempre falamos como elas afetam o leitor, a fonte, entre outros, mas nunca como elas afetam o jornalista.” Nesta carta ao leitor, Guilherme menciona que a história da bomba atômica é, também, a sua história. “Por mais que seja dolorido falar sobre ela – muito dolorido –, nós precisamos fazê-lo de tempos em tempos, pensando em novas abordagens quando possível. Jamais silenciá-la”. Guilherme Profeta também é professor nos programas de pós-graduação em Comunicação e Cultura e Educação em uma universidade comunitária de Sorocaba (SP) Arquivo Pessoal Com mais de nove títulos publicados, Ligia partilha que escrever e desenhar esse título ao lado do roteirista a ajudou muito a melhorar como autora, e que isso foi muito especial. “Quero trabalhar mais títulos históricos, mas hoje tenho um quadrinho histórico que eu que fiz, então isso é motivo de orgulho para mim. Todos os projetos em que trabalhamos juntos deram muito certo, tanto o meu lado como ilustradora, quanto o dele como escritor. Eu conseguia imaginar aquilo que ele estava tentando descrever no texto e a história se desenvolveu bem, sempre foi muito harmonioso.” A maioria dos trabalhos de Ligia foram por meio de financiamento coletivo, o que a fez uma autora independente até 2023 Divulgação/Catarse “Projeto Hibakusha” foi produzido por aproximadamente dois anos. “Hoje, o livro faz parte do acervo do Museu Memorial da Paz, em Hiroshima, e vários veículos japoneses trataram dele”, finaliza Profeta. Ligia também participa de feiras como artista e quadrinista, tanto no interior quanto na capital de São Paulo, levando seu trabalho como forma de divulgação para atrair novos leitores Reprodução/Facebook *Colaborou sob supervisão de Júlia Martins Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2024/01/30/hq-produzida-por-brasileiros-traz-historias-de-sobreviventes-da-bomba-atomica-de-hiroshima-que-imigraram-ao-brasil-tema-muito-pesado-diz-autora.ghtml


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