Oceanos não devem se tornar 'faroeste' da exploração, alerta ONU; bancos investirão 3 bi de euros no combate aos plásticos

  • 09/06/2025
(Foto: Reprodução)
A terceira Conferência dos Oceanos da ONU debate soluções urgentes diante da crise marinha. Estão em pauta a regulamentação da mineração em águas profundas, a criação de áreas protegidas e a proteção da biodiversidade. O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa durante uma sessão plenária na terceira Conferência das Nações Unidas para o Oceano em Nice, França REUTERS/Manon Cruz A Conferência dos Oceanos da ONU começou, nesta segunda-feira (9), na França, com seu secretário-geral, António Guterres, pedindo que o fundo do mar não se torne um "faroeste" e criticando a política unilateral dos Estados Unidos. Esta terceira Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (Unoc), realizada em Nice, na costa francesa, conta com a participação de quase 60 chefes de Estado e de governo e busca chegar a um acordo sobre uma política comum e arrecadar fundos para a conservação marinha. A ONU afirma que os oceanos estão em estado de "emergência" e que os líderes reunidos em Nice devem tentar reverter a situação em um momento em que as nações ainda debatem quais políticas adotar em relação à mineração em águas profundas, resíduos plásticos e pesca predatória. Entre os participantes desta reunião, copatrocinada pela França e Costa Rica, estão o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo argentino, Javier Milei. Guterres expressou sua preocupação com o fundo do mar após o presidente americano Donald Trump abrir caminho para a mineração em águas profundas. Porém, tem esperança de uma mudança da "exploração a curto prazo para a gestão a longo prazo". O anúncio de Trump, no final de abril, de que aceleraria a análise dos pedidos de exploração e extração de mineração fora da jurisdição de seu país aumentou a urgência do debate internacional sobre a exploração dos fundos marinhos. A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), que tem jurisdição sobre os fundos marinhos em águas internacionais, se reunirá em julho para discutir a regulamentação da mineração em águas profundas, de acordo com informações da France Presse. Guterres expressou seu apoio a essas negociações e muitos países se opõem à mineração em águas profundas, uma oportunidade que a França espera aproveitar para conseguir apoio a uma moratória sobre a prática até que haja mais informações sobre seu impacto ambiental. Lula cobra que países ricos liberem mais recursos para preservação dos oceanos O fundo do mar "não está à venda" O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu uma "mobilização" para proteger os oceanos. "O fundo do mar não está à venda, assim como a Groenlândia, a Antártida e o alto-mar", disse Macron, em referência a Trump, que cobiça a Groenlândia, território autônomo estratégico da Dinamarca. "Acho uma loucura empreender ações econômicas predatórias que alterem o fundo do mar, a biodiversidade e a destruam (...) A moratória sobre a exploração do fundo do mar é uma necessidade internacional", afirmou o presidente francês. Os Estados Unidos não enviaram delegação a esta reunião, onde o presidente Lula denunciou a "ameaça do unilateralismo" que paira sobre o oceano. "Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional", declarou Lula, que pediu ações claras da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. O atum-rabilho é altamente sensível às mudanças de temperatura dos oceanos. Getty Images via BBC A ratificação está "garantida" A França prometeu que a cúpula fará pela conservação dos oceanos o que o Acordo de Paris fez pela ação climática global na COP21 em 2015. Espera-se que as nações presentes adotem a "declaração final de Nice" para maior proteção dos oceanos. A França estabeleceu uma meta alta e espera garantir a ratificação de 60 países, permitindo que um acordo alcançado em 2023 se torne lei internacional. Macron afirmou que a ratificação do tratado esta "garantida". "Das 50 ratificações já depositadas aqui nas últimas horas, 15 países se comprometeram formalmente a aderir", declarou Macron. A Presidência francesa, que não especificou a lista de países, indicou que isso acontecerá antes do final do ano. A entrada deste tratado em vigor é considerada crucial para atingir a meta globalmente estabelecida de proteger 30% dos oceanos até 2030. As áreas marinhas protegidas (AMPs) representam atualmente apenas 8,4% da superfície total dos oceanos. Durante a reunião, espera-se que vários países anunciem a criação de novas áreas marinhas protegidas ou a proibição de práticas como a pesca de arrasto em algumas áreas. Conferências recentes da ONU têm lutado para encontrar o consenso e o financiamento necessários para combater as mudanças climáticas e outras ameaças ambientais. Manifestações pacíficas foram convocadas para o evento de cinco dias. Um total de 5.000 policiais foram mobilizados em Nice para o evento, que também contará com uma substancial participação de cientistas, líderes empresariais e ativistas ambientais. Bancos de desenvolvimento investirão 3 bilhões de euros no combate aos plásticos nos oceanos Grande parte do lixo plástico vai parar nos oceanos Adobe Stock Um grupo de bancos de desenvolvimento planeja investir pelo menos 3 bilhões de euros (US$ 3,4 bilhões) até o final da década no combate à poluição plástica no mar, expandindo o escopo e o poder financeiro do que continua sendo o maior esforço mundial para resolver o problema crescente, de acordo com informações da Reuters. Ao lançar a segunda iteração da Iniciativa Oceanos Limpos (COI), com o início de uma conferência da ONU, a líder do projeto do Banco Europeu de Investimento, Stefanie Lindenberg, afirmou que o valor poderá aumentar ainda mais com a adesão de outros parceiros. A ONU estima que, com as tendências atuais, os resíduos plásticos que entram na água podem triplicar para até 37 milhões de toneladas métricas por ano até 2040. Em 2021, o índice foi de cerca de 11 milhões de toneladas. Particularmente preocupante é o crescimento de microplásticos, que contaminaram todos os principais oceanos, bem como o solo e o ar, chegando a animais, plantas e humanos. A iniciativa original, que também inclui credores franceses, alemães, espanhóis e italianos, além do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, destinou 4 bilhões de euros em investimentos prometidos entre 2018 e maio de 2025, acima da meta estabelecida para o final do ano, afirmou o vice-presidente do BEI, Ambroise Fayolle. Com foco na melhoria da gestão de resíduos sólidos, águas residuais e águas pluviais, os projetos na fase inicial incluíram a melhoria do tratamento de águas residuais no Sri Lanka, a gestão de resíduos sólidos no Togo e a proteção contra inundações no Benim. A iniciativa original, que também inclui credores franceses, alemães, espanhóis e italianos, além do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, destinou 4 bilhões de euros em investimentos prometidos entre 2018 e maio de 2025, acima da meta estabelecida para o final do ano, afirmou o vice-presidente do BEI, Ambroise Fayolle. Com foco na melhoria da gestão de resíduos sólidos, águas residuais e águas pluviais, os projetos na fase inicial incluíram a melhoria do tratamento de águas residuais no Sri Lanka, a gestão de resíduos sólidos no Togo e a proteção contra inundações no Benim. Embora isso continue sendo o foco da próxima fase de investimento, o projeto será expandido para atingir fontes de resíduos a montante, por exemplo, ajudando a desenvolver novas formas de embalagem e garantindo que mais resíduos sejam reciclados. "Vemos que há um papel para nós", disse Lindenberg. "Reduzir a quantidade de plástico virgem que é necessária ou, pelo menos, que pode ser mantida no sistema." O banco poderia ajudar a reduzir o risco de desenvolver novas tecnologias, tipos de embalagens e produtos, por exemplo, fornecendo financiamento mais barato, subsídios ou investimentos em fundos de terceiros, disse ela. Além de ajudar a construir um pipeline de projetos passíveis de investimento, o programa buscará trabalhar em estreita colaboração com bancos de desenvolvimento de outras regiões, particularmente aqueles que operam na Ásia e na América Latina, ambas as principais fontes de resíduos oceânicos. Além do Banco Asiático de Desenvolvimento, que já aderiu à segunda fase e deve fornecer sólidos conhecimentos e contatos locais, estão em andamento negociações com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, afirmou ela. Os países se reunirão em agosto para tentar fechar um acordo para reduzir a poluição por plástico, após não terem conseguido chegar a um acordo nas negociações de dezembro em Busan, Coreia do Sul. LEIA TAMBÉM: Temperatura do mar bate recorde e eventos climáticos extremos deixam 1,4 milhão de deslocados em região do Pacífico, aponta OMM Menos de 10% das áreas marinhas protegidas estão livres da pesca predatória, estimam especialistas 'Nemo encolhendo': peixes-palhaço menores emitem alerta sobre o calor dos oceanos

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/06/09/oceanos-nao-devem-se-tornar-faroeste-da-exploracao-alerta-onu.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Top 5

top1
1. Raridade

Anderson Freire

top2
2. Advogado Fiel

Bruna Karla

top3
3. Casa do pai

Aline Barros

top4
4. Acalma o meu coração

Anderson Freire

top5
5. Ressuscita-me

Aline Barros

Anunciantes