Projeto de lei propõe criação do Dia do Anfíbio e sugere sapo-cururu como símbolo de conservação

  • 14/06/2024
(Foto: Reprodução)
Além de debater risco de extinção do grupo, audiência pública realizada no Instituto de Biologia da Unicamp nesta quinta-feira (13) discutiu impacto das enchentes do RS em anfíbios. Os cururus medem de 10 a 15 centímetros e podem pesar cerca de 1,3 kg taco_night/iNaturalist Uma audiência pública foi realizada no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp nesta quinta-feira (12) com objetivo de implementar um projeto de lei que propõe a criação do Dia dos Anfíbios, a ser celebrado em 7 de maio, e a instituição do sapo-cururu (Rhinella marina) como anfíbio nacional. O projeto visa preservar o grupo de animais que é, no contexto das mudanças climáticas, o mais ameaçado do planeta. Em 2004, um estudo revelou que 37 espécies encontrada no Brasil estavam em algum grau de perigo. No entanto, uma publicação mais recente, de 2023, já mostrou que esse número aumentou significativamente. Até o momento, 189 espécies de anfíbios se encontram em status de criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis. O sapo-folha (Proceratophrys sanctaritae) é uma espécie endêmica do Brasil descoberta em 2010, na Serra do Timbó (BA) Arquivo TG Além disso, 26 espécies podem estar extintas da natureza, pois não foram vistas em seus habitats naturais desde a década de 1980, sendo o caso do Phrynomedusa fimbriata e do Boana cymbalum. Entre os principais fatores que causam a extinção do grupo, estão: as mudanças climáticas, a degradação de habitat por ação humana (muitas vezes associada à expansão da agropecuária) e a infecção pelo fungo quitridiomicose. O projeto de lei foi proposto pelo biólogo e professor da Unicamp Luís Felipe Toledo ao Deputado Federal Nilto Tatto (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Após a realização da audiência pública, o projeto de lei será protocolado oficialmente e segue os trâmites para a aprovação na Câmara dos Deputados, mas não é possível prever o tempo para que o resultado saia. Audiência pública contou com a presença de representantes de órgãos públicos ambientais, empresas privadas da área ambiental e representantes indígenas Fernanda Machado/TG A audiência contou com a presença de representantes de órgãos públicos ambientais, empresas privadas da área ambiental e lideranças indígenas. “Nós temos o privilégio de abrigar a maior diversidade de anfíbios do mundo, com cerca de 1.200 espécies. Esse grupo desempenha uma série de funções essenciais para os ecossistemas, como controlar insetos que são vetores de doenças, bichos venenosos e até mesmo pragas agrícolas que prejudicam as plantações. Eles são fundamentais para manter o equilíbrio ecológico, mas ainda são pouco compreendidos em nosso país”, aponta Luís Felipe Toledo. A rã-rajada (Leptodactylus flavopictus) ocorre em florestas subtropicais ou tropicais úmidas de baixa altitude e rios Henrique Domingos/IPBio De acordo com Vanessa Negrini, diretora do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos dos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (DPDA/MMA), os próprios livros ensinam as pessoas a terem uma visão deturpada dos anfíbios, entretanto, eles atuam como bioindicadores da qualidade do meio ambiente e, portanto, conservá-los deveria ser uma responsabilidade coletiva. “Os anfíbios acabam sendo muito suscetíveis às mudanças climáticas por não possuírem pelos e penas. O aquecimento global pode levar ao ressecamento dos rios, lagos e pântanos, que são lugares onde esses animais têm seus habitats naturais para se reproduzir", diz Vanessa. "Em lugares como Austrália e Brasil, já há estudos mostrando que a redução das chuvas já está prejudicando a reprodução das rãs, que dependem da umidade. Você tem de um lado as secas e de outro as tempestades, como nós vimos recentemente no Rio Grande do Sul”, completa. O professor do Instituto de Biologia da Unicamp Luís Felipe Toledo durante fala sobre a importância dos anfíbios para manter o equilíbrio ecológico Fernanda Machado/TG Para reverter esse cenário, são necessárias ações urgentes de conservação (dentro e fora do ambiente dos anfíbios), além de programas de conscientização ambiental que alcancem todos os setores da sociedade brasileira. Situação dos anfíbios do Sul As enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul podem ter impactado também populações de anfíbios. Um exemplo é o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis), endêmico do Brasil e que é encontrado somente em um pequeno trecho de 700 metros do rio Forqueta, no município de Arvorezinha (RS). Sapinho-admirável-de-barriga-vermelha Divulgação/UFRGS Segundo Carlos Abrahão, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), vinculado ao ICMBio, esses animais vivem em áreas de corredeira e, portanto, enfrentam desafios extras durantes inundações. “Ainda não foi possível ir até o local depois das enchentes para avaliar o impacto exato na população desse sapinho”, diz. Dendropsophus werneri é uma espécie cuja distribuição está limitada à Mata Atlântica, desde o sul do Estado de São Paulo até o Estado de Santa Catarina Vanclei da Motta/IPBio O RAN atua na região com o objetivo de promover a criação de uma Unidade de Conservação para proteger a espécie. “A área de ocorrência da espécie está em uma propriedade privada, o que a torna suscetível a atividades humanas que podem afetar seu habitat”. Sapo-cururu: símbolo nacional A espécie escolhida para se tornar símbolo nacional foi o sapo cururu, o mais comum na fauna brasileira. Os cururus são sapos que geralmente têm entre 10 e 15 centímetros de comprimento e podem pesar cerca de 1,3 kg. Seu nome, sapo-cururu, vem do som que emitem, que soa como "cururu", uma palavra de origem tupi, "Kuru’ru". No Brasil, também são conhecidos como sapo-boi. “O cururu é uma ótima bandeira para a proposta de conservar essa e outras espécies. É uma espécie que muitas pessoas conhecem e que ocorre no Brasil inteiro. Ele está presente na música, na literatura. O sapo-cururu vive perto das cidades, não é um bicho medroso, ele chega muito perto do ser humano”, conclui o professor Luís Felipe Toledo. sapo-cururu Salomão Janderson Ferreira Bispo/iNaturalist Essa espécie de sapo produz um veneno através de glândulas especiais chamadas glândulas parótidas, que ficam atrás dos ombros. Esse veneno contém várias substâncias químicas, como a bufagina, que afeta o coração, e a bufotenina, que pode causar alucinações. É importante destacar que esses sapos não possuem um órgão específico para injetar o veneno, então a ideia de que eles esguicham veneno quando se sentem ameaçados não é verdadeira. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2024/06/14/projeto-de-lei-propoe-criacao-do-dia-do-anfibio-e-sugere-sapo-cururu-como-simbolo-nacional.ghtml


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